quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O medo do grito

Meu grito não é de dor
O grito é angústia
É um paralelo com incerteza
Rugido pelos momentos perdidos.

Meu grito clama
Proclama aos céus
Que ensurdeça minha mente
E avive meus olhos.

Droga, deixei acabar o vinho
Os pensamentos transpassam
Barreiras insólitas
Muros de lágrimas.

Vou deitar!

Ardem os olhos
A garganta aprofunda o som.

Abrir mais uma garrafa?

Escorre o vinho
Assim como as lágrimas
A cor é de sangue
As lágrimas de perguntas.

Enquanto este canto ungir
Meu grito será de querer
Quando o silêncio me visitar
Não mais irei sofrer.

Adonde fuiste?

Teu copo repousa no mesmo lugar
No rude catre em que repousou
Quando o vejo, planejo
Quando esqueço, esqueço.

Demência humana!
Grossa e fria demência.
Que os vermes do meus pensamentos
Virem solstícios do planos perdidos.

- RDL -

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Insano

Era tudo um baile.
Bebidas e o vento.
Teu cheiro, tuas unhas
Marcaram o champagne
E minha vida.

Era tudo tão louco
sem rumo, sem espera.
A vida encarregou o tempo
de fazer tudo ir para longe.
Assim sem mais 
Percebi o mundo fora das filosofias.

Como sempre, idas e vindas
Fui, vieste, fomos e viemos.
Aquilo tudo ainda era real
Todas noites 
A lua foi testemunha.

Sorrisos imperfeitos 
Sorrisos perfeitos
sorrisos
aqueles.

...

Aquela noite
aquele táxi
aqueles beijos
ficaram recuerdos.

Notas de roda pé
escritas com o coração
olhos que viam
apenas desilusão.

Parti, sem rumo
a esmo na nau.
Voltei, encontrei a garrafa
que no mar depositou.

O tempo passou
em branco
em branco
em branco
em branco...

...

Voltei, sou eu!
Lembra?
Não, não irá lembrar.
Aquele não era eu.

Agora, sorrisos
novamente
prosperam
e voam.

Abraços, afagos
sobram
faltam
vem e vão...

Agora as ondas 
que me levaram com a nau
carregam, ao seu ritmo
as dores que antes ficaram.

Construções indivíduais
nunca me chamaram atenção;
se construir, contigo será melhor.

O ritmo é estranho
as formas também.
Tua garrafa carrego.
A minha, aonde está?

...

Caminha a história
paralela
cheia de lembranças.

Sorrisos, abraços,
sonhos e vidas.
Paralelas? 

Quando lembro,
penso em dobro.
Longe, perto.

A bebida está acabando,
meu copo já vazio
reflete o que sinto por dentro.

O cigarro, queima sozinho
me vejo nele.
A brasa se apaga.
A chama, nesse momento
apenas para mais um cigarro.
Encham meu copo.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Desequilibrio

Há nas ruas tanta miséria
No mundo são milhares
Os sonhos se perdem
As vidas são desviadas.

Os indivíduos sepultam-se
O coletivo chora
As vias se obstruem
Clamores são uivados.

Braços para o alto
Cerrem os punhos
Não é repressão
É vibração.

Pequenas cifras descuidam
Altos desânimos
Para que lado pesa
A balança quebrou!

Estradas que se encontram
Procuramos deter a dor
Tente não se perder.

Há força na união
Não se pode parar
As dores das ruas
Ainda vão te chocar.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Desejo

Aquele sentimento
vontade estranha
procura desconexa
os olhos rumo ao encontro.

Meus dias
aqueles dias
foram dias
de alegria

Desejei profundamente
alegremente te queria
aquela empatia
não foi engano.

Meu engano
o desengano
do suspiro
às nuvens.

Desejo
queria.

Desejo
quero.

Desejo
ainda.

Formas que não encaixam
sobras que partem
olhos que ficam.

Ombro a ombro
lado a lado
assim que é
assim que deve ser.

Não quero o que foi
não sei o que será
quero apenas o que deve ser.

Seguir no embalo da maré
até quando o recife permitir
as luas vão mudar
nosso destino é seguir.

Veja aquele coelho lá no céu
é a lua a te cortejar
levando os suspiros
formas de vento
de ventania para te aconchegar.

-RDL-

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Aviãozinho de papel

Era tão limpo
tão reto.

Era vazio
e seleto.

Foi rabiscado
desviado.

Amassado
arremessado.

Dobrado
apertado.

Joguei longe
voou.

Voltou
dobrei.

Dobrado ficou
Arremessei novamente
Nunca mais voltou.

Assim foi embora
o aviãozinho de papel.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Poeminha que embriaga

Queria ver/ser esse copo
que ébrio encosta nos lábios
desliza na pele, da língua
escorre por dentro
e termina tomando conta do corpo
corpo que já não obedece
por que os lábios já ficaram úmidos.

-RDL-

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Do Passo ao Abraço

Passos trocados,
descompassados,
ruborizados,
escandalizados.

Beijos quentes,
doces,
inerentes,
pertinentes.

Olhares maliciosos,
sinuosos,
pecaminosos.

Abraços diferentes,
nepentes,
referentes.

-RDL-

domingo, 21 de julho de 2013

Adonde estes?

Vos estabas en mis pensamientos
Yo queria tu cuerpo nu
Aunque en mi sueños 
Nada supiera de vos.

Me quedo contento
Con tu sonrisa facil
Con tus manos en mi boca
Mis labios en tu lengua.

Es una lastima
Pero volvi para vos
Donde estes?
Adonde fuiste?
Con quien fuiste?
Te quiero no me dejes

Sin embargo un dia me voy
Y vos, con su aire de reina
Vas estar sola
En mi y en vos

No quiero formas
Quiero tu sonrisa
Tu beso
Tu cuerpo
Tu lengua
Yo quiero tu amor.

-RDL-
3 histórias... 3 enredos.... 3 problemas.... 3 finais.... 1 vontade.... 1 signo.... 1 final
Temo que a vida seja uma piada sem graça. Que somente no final venhamos a descobrir a moral da história e assim percebamos que todo o tempo que passou foram vírgulas que nos levaram ao ponto final, sem ao menos nos dar um enredo que tivesse o devido valor do esforço.

-RDL-

sábado, 20 de julho de 2013

4 estações?

Verão se foi
Se foi o calor
Aquele suor
Aquela brisa.

Outono chegou
Folhas caíram
Outono se foi,
Ficaram secos os galhos.

Inverno veio
Semblante de guerra
Sonhos congelaram 
Inverno se foi.

Por fim primavera
Tudo nasceu
Brotou, renasceu
Primavera ficou.

Flores suaves
Cheiros maliciosos
Contornos audaciosos
Cores vibravam

Primavera fique!
Aonde vai? 
Verão ressurge
Calor esvai.

-RDL-

Aquele barulho

O sonho era lindo
Eu caminhava em teu encontro
Nossas mãos entrelaçavam
As pernas seguiam o mesmo ritmo.

Os ombros caminhavam de lado
Pés que congelavam ao relento
Olhos que se figuravam
Se seguravam.

Lábios que se laçavam
Falas que se misturavam
Abraços condenados.

- Não! Essa música não
Acorda, acorda, acorda
Despertei por fim.

-RDL-

Aos amigos,


que foram, aos que se mantiveram, aos que voltaram, e aos que estão por vir. Qual a diferença entre todos? Talvez seja o caminho, o tempo, a vida, os ideias, as lembranças, as vontades, as brigas, as distâncias, os amores ou pode ser nenhuma. Fato que a vida nos dá pouco tempo para agir e viver a sua plenitude. Nesse contexto ou vivemos ou simplesmente passamos.

Tive e tenho a oportunidade de sempre ter os melhores ao meu lado, todos os que estiveram e estão ao meu lado considero como os melhores; não por eu ser bom o suficiente para assim merecer, mas pelo fato de entender que a vida, nesse breve prazo quer que eu me torne sábio o suficiente para merecer cada companhia oferecida. Há os que estiveram e já foram, não posso me culpar, nem culpá-los; as nuances da existência são assim mesmo, como ondas, uns vem, outros vão e outros tornam a vir.

O que é amizade afinal? No meu entender pode ser aquilo que mesmo que tudo vá contra, permanece ao menos a lembrança de momentos que não se pode olvidar. Seja a amizade entre homens, entre mulheres, entre homem e mulher, entre casal, entre almas, entre mentes, entre corpos, entre sentimentos. Amizade é a pureza que o interesse desconhece, nada sobrevive numa relação sem amizade. Aquele te amo sem pretensões, é aquele ciúmes exagerado por um "copo", é o errar e saber que toda história é feita de erros consertados, erros que são superados com a pureza que o sentimento pode trazer. Não é questão de passividade e sim de sabedoria, de reconhecer que todos somos humanos e em algum momento podemos errar.

Amizade é a intimidade na essência. Teu namorado, tua namorada, teu marido, tua esposa, teu amigo, teu confidente, teu parceiro, tua parceira, tua vida, tua existência, teus erros, meus erros. Amizade é muito mais do que a palavra diz.
Já dizia o poeta: "Vida louca vida/Vida breve". Procurem descobrir aonde o sentimento mais puro desperta, ali reside a amizade. Longas e belas histórias jamais se construíram sem erros, sem perdões, sem amores, sem lutas, sem/com......

Enfim, amizade pode ser a essência da vida, o elixir da bela história.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Clave de SOL

Me olhou em DÓ.
Te procurei em RÉ.
Me quer em MI?
Em FÁ se foi,
e o SOL se pôs.
Te olhei em LÁ.
Me procurou em SI.

O recomeço

Tic tac da fênix

Desencadeou, renasceu.
Descobri os olhos secos,
aquilo tudo recrudesceu.
Ressurgi assim, das cinzas naqueles becos.

Se o tempo não fosse o tempo
daquele tempo em que contava
sobre o tempo que passava,
nosso tempo que recordava.

Hoje sinto e pressinto.
O rosto meigo que procura,
todo sonho que nos traz a loucura.

Agora, ainda não sei.
Se o tempo é nosso tempo,
que seja tempo eterno tempo.

-RDL-

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Para findar 2007.

A alma que nos hermana.

Entre feições de um autentico portenho
Um grande ser enigmático,
E de grande experiência vital
Cuja sabedoria deu-se através dos anos
Em viagens encabeçadas pelo espírito de liberdade

Em seus dogmas e crenças,
Entre mãos abertas, búzios espalhados;
E mesmo nas cartas que por outra serventia conheci
Usadas para ver o que nós pessoas sem uma espiritualidade...
Espiritualidade desenvolvida que o acompanha na vida

Entre trocas de idéias e falas às vezes
Incompressíveis por conta da “única“
Diferença cultural que nos separa

Ou seja, ele um portenho, latino americano.
E eu, ainda um gaúcho procurando.
E ansiando pelo mesmo espírito de liberdade
Que compõe o ser deste fantástico homem

Um homem que conheci no acaso da vida
Postado e atento a seu trabalho
Ali, eu, procurando um lugar.
Um “monastério” para aprender mais
Do que nem mesmo
Os mais intelectuais autores
Saberiam explicar.

Seu cigarro, a ponta dos dedos.
Indicam que ele observa, reprime.
Enfim, procura talvez um dia achar.
O mundo quais todos gostaríamos de viver

Nessa métrica mal feita de meus simples versos
Procuro achar a dita sociedade alternativa
Que Raul e mesmo ele, meu amigo Hugo.
Falaram e comentaram...
Seria essa a sociedade ideal
Para os seres que procuram liberdade?

Enquanto todos fazem o que sabem
Eu escrevo; ele lê, decifra e observa.
Assim ele escreve sua vida
Enquanto eu leio, decifro e observo.
O que por ele já foi descoberto.


E quando em fim de tardes
Sentamo-nos para conversar,
E o mate passando de mãos em mãos
Mãos de muitos que por ali se sentam
Para também aprender
E ouvir o que a vida por uma vã filosofia
Vem nos ensinar.

-RDL-

Mais de 2007

Atravessando sonhos

Às vezes olho o remoto passado
Nem sequer minha sombra
Apesar de saber que ali está
Estou cego?

A cada página que passa
Eu descubro coisas novas
E assim vou relendo e refazendo
Coisas que para trás ficaram inacabadas

Sinto-me às vezes como uma criança
Aquela que está descobrindo tudo
Mas ai, vejo no espelho e descubro.
Que fisicamente sou um homem já

Anseio por aprender coisas novas
Descobrir coisas novas
Achar coisas intocáveis
Ampliar meu horizonte

Mas este anseio teme por alguns motivos
Quais?
A violência mundial, o dinheiro pessoal.
Entre coisas que nem eu mesmo sei explicar

Quem sabe um dia eu realize meu sonho
Viajar o mundo, assim como meu grande ídolo.
Ver mais das diferenças do mundo
Sei que muitos pensam que isso é apenas
Uma futilidade de fã

Mas eu que me procuro por dentro
Sei que o verdadeiro eu, quem sabe esteja perdido.
Numa esquina de uma cidade qualquer
Em um ponto qualquer do mundo

Aonde um seio acolhedor
Me fará ficar e viver o que ainda me faltar
E ali quem sabe morrer aos braços ternos
De um berço esplendido.

-RDL-

A (RE)volta

Após algum tempo de silêncio volto, me revolto, me transbordo pelas palavras. Assim, para inaugurar a (re)volta, trago poema que escrevi em 2007.



Aprendendo com Castros e Anjos

Por muitas vezes tentei silenciar-me,
Obstruir meu pensamento de meras causas
Na continuidade que a vida passa
Aprendo mais e mais.

Um dia desses até me compararam
Com um certo Castro Alves
Uma honra certamente
Será que eu procurava essa comparação?

Talvez hoje em dia os Anjos de Augusto
Soem como uma desgraça por acontecer
Um poeta a ser descoberto

Quem sabe surja um poeta das entranhas,
Sujas, barrentas e escondidas da vida.
Mas eu, um dia surgirei das cinzas.

-RDL-